Lauro Brito de Almeida, Dr. EAC|FEA|USP(1)
No
Brasil a prática profissional de contabilidade societária [e outras
associadas ]só pode ser exercida pelos graduados em contabilidade e com
registro no órgão de classe do seu estado. Por outro lado, em
contabilidade gerencial, no entanto, a matiz dos praticantes é diversificada.
Enquanto a contabilidade societária é altamente normatizada [p.e. vide IFRS, CPC´s], o mesmo nãoocorre com a contabilidade gerencial. Essa falta de normas para as práticas de contabilidade gerencial foi o mote para o texto de Gary Cokins com o provocativo título “CowboyAccountants – The Lawless Frontier”.
Encontramos
graduados em contabilidade, economia, administração, engenharia de produção, só
para citar os mais comuns. Basta ver alguns anúncios de empregos.
Os
textos de contabilidade gerencial, contabilidade de custos, gestão estratégica
de custos, na introdução costumam diferenciar os campos de atuação: contabilidade societária vs
contabilidade gerencial.
Enquanto a contabilidade societária é altamente normatizada [p.e. vide IFRS, CPC´s], o mesmo nãoocorre com a contabilidade gerencial. Essa falta de normas para as práticas de contabilidade gerencial foi o mote para o texto de Gary Cokins com o provocativo título “CowboyAccountants – The Lawless Frontier”.
No referido texto Gary Cookins
ironiza a prática [comportamento dos praticantes, no caso contadores] e,
provocativamente, assume que o ambiente é tal qual o do velho oeste americano
[os nascidos na década de 50 e 60 com certeza lembram dos filmes de bang bang].
Apesar
do seu lado provocativo, com uma fina ironia, é oportuno para reflexão sobre a
necessidade ou não de normatizar as práticas de contabilidade gerencial. O
texto, ao comentar a diversidade de práticas – custeio por absorção, custeio
baseado em atividades [tido por alguns como prática inovadora], custeio
variável, só para ficar com os mais conhecidos.
No
entanto, o texto, apesar de seu título jocoso, traz uma armadilha – sutilmente
subliminar - com forte viés corporativista, pois, ao questionar a necessidade
de normatização, induz a todos, como no velho oeste, nomear um “xerife”.
Nomeando
um “xerife”, tenho receios – que me provocam calafrios – de que imponham
barreiras de entradas, especificando que só podem ser praticantes aqueles que
fizeram “tal curso”.
É
lamentável que em alguns congressos e revistas patrocinadas pela “classe”, é
vetada a participação de pesquisadores com outras formações acadêmicas. Mais
lamentável, diria, triste, o verificado em concursos públicos para professor,
nos quais a barreira de entrada não é o conhecimento, competência, pesquisa e
publicações na área de conhecimento, e sim, se é graduado ou não na área de
conhecimento. Tal comportamento, infelizmente, além de representar o que há de
pior, não contribui para o desenvolvimento de qualquer área, ainda mais a de
contabilidade.
Portanto,
reafirmo o meu temor, pois se houver um “xerife”, como subliminarmente proposto
por Gary Cookins, temo que o ramo do conhecimento e prática profissional
Contabilidade Gerencial, inicie seu período de trevas.
Sou
partidário de que qualquer ramo do conhecimento cresce quando é beneficiado
pela participação de atores com formação diversificada. E a academia, em
particular, deve abrigar todos aqueles – independente de sua formação acadêmica
– que escolheram como campo de estudo, pesquisa e prática profissional a
Contabilidade Gerencial.
Mais
uma vez, fica a proposta: vamos refletir sobre o assunto e mais, AGIR.
(1)
Lauro Brito de Almeida, Doutor em Controladoria e Contabilidade
pela FEA/USP, Pós-Doutorando em Administração pelo PPAD PUC PR e Professor do
PPG Mestrado em Contabilidade da UFPR. Interesses de pesquisas em Análise
Gerencial de Custos, Economia de Empresas e Educação, Ensino e Pesquisa.
Experiência e atuação profissional em Análise Gerencial de Custos, Orçamento
Empresarial, Elaboração de Plano de Negócios para Pequenas e Médias Empresas,
Analise Econômica e Financeira e Elaboração de Estudos e Pareceres. Contato: gbrito@uol.com.br
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