Ana
Lúcia Fontes de Souza Vasconcelos, Dra.|UFPE(1)
Você já se perguntou, como pesquisador, se
nossas pesquisas estão impactando a realidade? Buscando respostas convido-os a pensar
juntos sobre nossas escritas, as possíveis manifestações e esperados impactos
no mundo real. Dessa forma, com base em dados, possamos nos situar se estamos refém
de um sistema meramente produtivista [que
incentiva e valoriza apenas quantidade], construído com uma visão do tipo
utilitarista, ou se realmente o nosso compromisso é com o resgate da dignidade
humana e a justiça social.
Nesse processo de reflexão e questionamento sobre o impacto [ou a falta] das pesquisas científicas na
realidade, o objetivo da exposição da obra artística (inserida na educação não
formal com múltiplas oportunidades de aprendizados) em pintura a óleo intitulada
“Responsabilidade Social do Ensino Superior” é, além de retratar a desigualdade
social, sensibilizar e conscientizar todos que fazem parte da academia para um
debate sobre as perspectivas atuais da educação.
Este debate inicia-se
dentro de nossas salas de aulas, conduzido por professores educadores integrados
aos princípios éticos de responsabilidade social das Universidades Públicas.
Dessa forma, estar-se-á, por meio por meio do processo educativo, possibilitando
a efetiva formação de sujeitos situados no tempo e no espaço. Assim, ante as
características do nosso tecido social, o foco será na formação do ser
histórico capaz de se assumir comprometido socialmente.
Figura: Impacto das pesquisas na
realidade
Fonte:. Quadro pintado pela
autora participou de evento cientifico na UFRPE em modalidade artística.
Sobre a questão
“produtivismo x qualidade”, o texto
publicado no caderno Ciências, Folha de São Paulo, com o título “Brasil cresce emprodução científica, mas índice de qualidade cai” [22/04/2013] fornece
um desbotado retrato de nossa produção, consequência de uma orientação
institucional induzida pela ótica da produtividade. De acordo com o texto, de
2001 para 2011, o Brasil subiu de 17º lugar mundial na quantidade de artigos
publicados para 13º, uma conquista que costuma ser comemorada em congressos
científicos do país. Em 2011, os pesquisadores brasileiros publicaram 49.664
artigos. O número é equivalente a 3,5 vezes a produção de 2001 (13.846
trabalhos).
No entanto, a euforia da produtividade é ofuscada pelo problema da
qualidade dos trabalhos científicos brasileiros. Se avaliarmos as pesquisas
publicadas, por exemplo, pela métrica número de vezes que cada estudo foi
citado por outros cientistas (o chamado "impacto"), neste quesito, o
Brasil despencou, passamos do 31º lugar mundial para 40º. China e Rússia, por
outro lado, ganharam casas no ranking de qualidade nesse período.
Nesse sentido, a
universidade tem a função de potencializar a ação e a reflexão, nos mais
diversos campos do conhecimento, em vista de um compromisso social. Na busca
por responder aos desafios de integração dos aspectos social e científico no
ensino superior, a sala de aula contextualizada com dados da realidade é o lócus privilegiado para debater e
construir respostas às questões sociais. Assim, as IES assumem, enquanto um dos
espaços de reflexão crítica, o papel de contribuir para a oxigenação do pensar
e do agir na busca da excelência do aprendizado de forma contextualizada.
Estamos no jogo, por
isso, vamos elaborar sugestões inovadoras de transferência de tecnologias
sociais com os conhecimentos científicos que possam estar dialogando com outros
saberes, ancorados no principio básico: respeito
e cooperação.
Finalizo este texto com
as palavras do Mestre da Educação Paulo Freire: “Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar
hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode
transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas
circunstâncias.”
(1) Ana Lúcia Fontes de
Souza Vasconcelos, Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de
Pernambuco (1989), Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (2002) e Doutorado em Serviço Social pela
Universidade Federal de Pernambuco (2007). Atualmente é Professora Adjunto 3 da
UFPE do DCC. Possui experiência de pesquisa na área Capital Social, Capital
Humano, Avaliação de Impactos em Programas Sociais, Controle Gerencial para o
Terceiro Setor. Áreas de interesse em pesquisa:Gestão Pública, Responsabilidade
e Controle Social, Modelos de Avaliação e Indicadores de Desempenho para
Entidades sem fins lucrativos; Avaliação de Programas Sociais, Evolução
Histórica das Práticas e Conhecimentos Contábeis. Participa dos grupos de
pesquisa ARCUS-UFPE: Ações em Rede Coordenadas no Universo Social. Líder do
grupo de estudo e pesquisa Informações Contábeis para usuários internos e
externos em Gestão Pública, Responsabilidade e Controle Social com linhas de
pesquisa: 1) Informações Contábeis na Transparência dos Gastos Públicos. 2)
Informações Contábeis na Transparência dos Gastos Públicos. 3) Informações
Contábeis em Gestão Pública de IES . Contato: anafontes_ufpe@yahoo.com.br
Muito bom professora Parabéns. Também estou preocupado com isso.
ResponderExcluirQuantidade e qualidade devem andar juntos
Parabéns professora Ana !
ResponderExcluirComo é tão próximo de nós esses questionamentos.
Diante deste contexto, refleti sobre: por que os assuntos não nos inquietam?
Reflexão que me fez entender que por muitas vezes os assuntos são tratados de maneira tão distante ou que não trazem um novo olhar sobre a realidade.
Outro ponto importante sobre a qualidade da produção trabalhos é a de que não temos o hábito de produzi-los pois é um processo que demanda tempo, mas com o uso das tecnologias sociais, como bem a senhora colocou, irá estimar a construção do sendo crítico.
Muito boa a produção professora.
Seu entusiasmo em escrever nos inspira.