domingo, 14 de julho de 2013

Contabilidade Ambiental: Serviços dos Ecossistemas

Luiz Panhoca(*)
Os serviços dos ecossistemas (termo inadequado e adaptado do que os americanos chamam de ecosystem services) são os benefícios obtidos pelas pessoas dos ecossistemas.
Entre os serviços providos pelos ecossistemas estão os serviços de abastecimento (alimentos, água, madeira e fibras); serviços de regulação que afetam clima, (enchentes, doenças, resíduos e qualidade da água); serviços culturais (benefícios recreativos, estéticos e espirituais) e serviços de apoio (formação do solo, fotossíntese e ciclagem de nutrientes). 
No diagrama da Figura 1, as setas em negrito indicam onde existe a possibilidade de estratégias e intervenção. A espécie humana, embora protegida contra mudanças
ambientais por sua cultura e tecnologia, é fundamentalmente dependente do fluxo de serviços dos ecossistemas.
Figura1. Serviços de ecossistema
Fonte: Adaptado de Millennium Ecosystem Assessment
As mudanças nos drivers [direcionadores] afetam indiretamente o ambiente econômico, político, social e cultural, impactando as variáveis relacionadas, por exemplo, a população, tecnologia e estilo de vida (canto superior direito na Figura 1). Como num efeito em cadeia, conduzem a mudanças em drivers afetando diretamente a biodiversidade, por exemplo, com reflexos na captura de peixes e práticas de a aplicação de fertilizantes geradoras de externalidades potencialmente negativas (canto inferior direito na Figura 1). Portanto, essas mudanças, quando ocorrem, resultam em alterações nos ecossistemas e os respectivos serviços (canto inferior esquerdo na Figura 1), afetando, assim, o bem-estar humano.
Estas interações podem ocorrer em diversas escalas e dimensões. Por exemplo, uma demanda internacional por madeira pode levar a uma perda regional da cobertura florestal, aumentando a magnitude de inundação ao longo de um trecho de rio local. Da mesma forma, as interações podem ocorrer em diferentes escalas de tempo. Estratégias e intervenções diferentes podem ser executadas em muitos pontos neste quadro para melhorar o bem-estar e conservar os ecossistemas humanos.
Smith e outros (2013) em recente artigo relatam que os seres humanos dependem de serviços fornecidos pela natureza e, não sendo os valores dos ecossistemas efetivamente contabilizados, o bem-estar humano não será sustentável. Argumentam os autores, da necessidade de incorporar uma medida nacional para mensurar e apurar as alterações na prestação dos serviços ambientais.
Smith e outros (2013) descrevem indicadores e métricas existentes de bem-estar como ponto de partida para desenvolverem uma medida inclusiva do serviço do ecossistema, e também criticam a falta de conexão entre o bem-estar objetivo e os fluxos dos diferentes tipos de capital. Além disso, sugerem um conjunto de domínios de bem-estar como base de um índice para a modelagem preditiva dos serviços do ecossistema, ecológicos, econômicos e sociais nos EUA. Finalizam apresentando uma visão geral das métricas de bem-estar e discutindo as relações entre elas e os serviços ecossistêmicos.
(*) Luiz Panhoca, Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP, Mestre em Economia pela PUC SP, Pós-Doutor em Geografia pela UFPR e Professor do PPG Mestrado em Contabilidade da UFPR. Coordenador da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP). Membro da American Accounting Association (AAA) e da Society for Ecological Restoration International (SER). [publicará toda 2ª. feira, quinzenalmente].  Contato: panhoca.luiz@gmail.com
Referências
Ecological Restoration, 2013. Special Issue: Status and changes of grassland restoration in the United States. University of Wiscosin, v. 31, n. 2.
Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Island Press, Washington, DC. [Disponível em: <http://www.millenniumassessment.org/documents/document.356.aspx.pdf>

Lisa M. Smith, Jason L. Case, Heather M. Smith, Linda C. Harwell, J.K. ,Relating ecosystem services to domains of human well-being: Ecological Indicators, Vol. 28, pages 79-90, May 2013. 

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