Lauro Brito de Almeida, Dr. EAC|FEA|USP(1)
Recorrentemente somos brindados por previsões, em geral
catastróficas, sobre todos os tipos de assuntos. As previsões econômicas são as
mais frequentes, em especial na nossa mídia, quer especializada em negócios ou
não.
As previsões sobre economia são as que mais despertam a minha curiosidade. Em especial as veiculadas ao final do ano. As previsões econômicas são feitas pelos
representantes do mercado e economistas igualmente alinhados. Há jornais que consultam os “especialistas” e calculam a média de suas previsões, quer evolução do PIB, Inflação etc. Imagine a validade da média das previsões de dez economistas. Um verdadeiro balaio de gatos!.
representantes do mercado e economistas igualmente alinhados. Há jornais que consultam os “especialistas” e calculam a média de suas previsões, quer evolução do PIB, Inflação etc. Imagine a validade da média das previsões de dez economistas. Um verdadeiro balaio de gatos!.
Gostaria muito de entender a validade da “média dos
especialistas”. Não estarão somando laranjas com bananas? Parece que jornais e
“especialistas” subestimam os leitores e entre eles os funcionários das
empresas.
Os jornais costumam
eleger um grupo, no caso oriundo do mercado ou por ele ungido, como oráculo para
fundamentar suas notícias. Isso cria um grande problema, pois os integrantes
desses grupos, em geral não divergem nas suas análises e abordagens. Não há discussão. A
consequência é o viés provocado por um pensamento único.
Há a necessidade de outros
interlocutores. Em especial que esses interlocutores sejam independentes, ou
seja, sem rabo preso ou a obrigação de defender o ponto de vista do grupo a que
pertence. Sinto que há uma falta generalizada de discussão com base em fundamentos.
Nesse contexto, vale a
pena relembrar Keynes [1983,110], em sua digressão sobre “O estado da
expectativa à longo prazo”, quando argumenta que:
[...] os fatos
atuais desempenham um papel que, em certo sentido, podemos julgar
desproporcionais na formação de nossas expectativas a longo prazo sendo que o
nosso método habitual consiste em considerar a situação atual e depois
projetá-la no futuro, modificando-a apenas à medida que tenhamos razões mais ou
menos definidas para esperarmos uma mudança.
A tira - que ilustra este post - publicada na Folha de São Paulo, Caderno Mercado [B2,15/01/2013], é um bom indicativo que a metodologia descrita por Keynes, pode estar em pleno uso.
Como as relações sociais não são simples como gostaríamos, ainda mais em tempos de intrincadas redes sociais, não vamos demonizar os analistas em seu papel de oráculos. Por isso, não podemos deixar de considerar
que o comportamento dos analistas refletem os valores, interpretações, vontades
e preferências dos grupos que representam e por isso, não há debate.
O resto, cara[o] leitora[r]
fica por conta da tira. Divirta-se e reflita...
(1) Lauro Brito de
Almeida, Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP,
Pós-Doutorando em Administração pelo PPAD PUC PR e Professor do PPG Mestrado em
Contabilidade da UFPR. Interesses de pesquisas em Análise Gerencial de Custos,
Economia de Empresas e Educação, Ensino e Pesquisa. Experiência e atuação
profissional em Análise Gerencial de Custos, Orçamento Empresarial, Elaboração
de Plano de Negócios para Pequenas e Médias Empresas, Analise Econômica e
Financeira e Elaboração de Estudos e Pareceres. Contato: gbrito@uol.com.br
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