terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Previsões, projeções e chutes: consultem o oráculo!

Lauro Brito de Almeida, Dr. EAC|FEA|USP(1)
Recorrentemente somos brindados por previsões, em geral catastróficas, sobre todos os tipos de assuntos. As previsões econômicas são as mais frequentes, em especial na nossa mídia, quer especializada em negócios ou não.
As previsões sobre economia  são as que mais despertam a minha curiosidade. Em especial as veiculadas ao final do ano.  As previsões econômicas são feitas pelos
representantes do mercado e economistas igualmente alinhados. Há jornais que consultam os “especialistas” e calculam a média de suas previsões, quer evolução do PIB, Inflação etc. Imagine a validade da média das previsões de dez economistas. Um verdadeiro balaio de gatos!.
Gostaria muito de entender a validade da “média dos especialistas”. Não estarão somando laranjas com bananas? Parece que jornais e “especialistas” subestimam os leitores e entre eles os funcionários das empresas.
Os jornais costumam eleger um grupo, no caso oriundo do mercado ou por ele ungido, como oráculo para fundamentar suas notícias. Isso cria um grande problema, pois os integrantes desses grupos, em geral não divergem nas suas análises e abordagens. Não há discussão. A consequência é o viés provocado por um pensamento único.
Há a necessidade de outros interlocutores. Em especial que esses interlocutores sejam independentes, ou seja, sem rabo preso ou a obrigação de defender o ponto de vista do grupo a que pertence. Sinto que há uma falta generalizada de discussão com base em fundamentos. 
Nesse contexto, vale a pena relembrar Keynes [1983,110], em sua digressão sobre “O estado da expectativa à longo prazo”, quando argumenta que:
[...] os fatos atuais desempenham um papel que, em certo sentido, podemos julgar desproporcionais na formação de nossas expectativas a longo prazo sendo que o nosso método habitual consiste em considerar a situação atual e depois projetá-la no futuro, modificando-a apenas à medida que tenhamos razões mais ou menos definidas para esperarmos uma mudança.
A tira - que ilustra este post - publicada na Folha de São Paulo, Caderno Mercado [B2,15/01/2013], é um bom indicativo que a metodologia descrita por Keynes, pode estar em pleno uso.
Como as relações sociais não são simples como gostaríamos, ainda mais em tempos de intrincadas redes sociais, não vamos demonizar os analistas em seu papel de oráculos. Por isso, não podemos deixar de considerar que o comportamento dos analistas refletem os valores, interpretações, vontades e preferências dos grupos que representam e por isso, não há debate.
O resto, cara[o] leitora[r] fica por conta da tira. Divirta-se e reflita...

(1) Lauro Brito de Almeida, Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP, Pós-Doutorando em Administração pelo PPAD PUC PR e Professor do PPG Mestrado em Contabilidade da UFPR. Interesses de pesquisas em Análise Gerencial de Custos, Economia de Empresas e Educação, Ensino e Pesquisa. Experiência e atuação profissional em Análise Gerencial de Custos, Orçamento Empresarial, Elaboração de Plano de Negócios para Pequenas e Médias Empresas, Analise Econômica e Financeira e Elaboração de Estudos e Pareceres. Contato: gbrito@uol.com.br

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