Luiz Panhoca(*)
Os serviços dos ecossistemas (termo inadequado e adaptado do que os
americanos chamam de ecosystem services)
são os benefícios obtidos pelas pessoas dos
ecossistemas.
Entre os serviços providos pelos ecossistemas estão os serviços de
abastecimento (alimentos, água, madeira e fibras); serviços de regulação que
afetam clima, (enchentes, doenças, resíduos e qualidade da água); serviços
culturais (benefícios recreativos, estéticos e espirituais) e serviços de apoio
(formação do solo, fotossíntese e ciclagem de nutrientes).
No
diagrama da Figura 1, as
setas em negrito indicam onde existe a possibilidade de estratégias e
intervenção. A espécie humana, embora protegida contra mudanças
![]() |
Figura1. Serviços de
ecossistema
Fonte: Adaptado
de Millennium Ecosystem Assessment
|
As mudanças
nos drivers
[direcionadores] afetam indiretamente o
ambiente econômico, político, social e cultural, impactando as variáveis
relacionadas, por exemplo, a população, tecnologia e estilo de vida (canto superior direito na Figura 1). Como num efeito em cadeia, conduzem a mudanças em drivers
afetando diretamente a biodiversidade, por
exemplo, com reflexos na captura de peixes e
práticas de a aplicação de fertilizantes geradoras
de externalidades potencialmente negativas (canto
inferior direito na Figura 1). Portanto, essas
mudanças, quando ocorrem, resultam em
alterações nos ecossistemas e os respectivos
serviços (canto inferior esquerdo na Figura 1),
afetando, assim, o bem-estar humano.
Estas interações podem
ocorrer em diversas escalas e dimensões. Por exemplo, uma demanda internacional
por madeira pode levar a uma perda regional da cobertura florestal, aumentando a magnitude de inundação ao longo de um trecho
de rio local. Da mesma forma, as interações
podem ocorrer em diferentes escalas de tempo. Estratégias e intervenções
diferentes podem ser executadas em muitos
pontos neste quadro para melhorar o bem-estar e conservar os ecossistemas
humanos.
Smith e outros (2013) em recente
artigo relatam que os seres humanos dependem de serviços fornecidos pela natureza e, não
sendo os valores dos ecossistemas efetivamente contabilizados, o bem-estar
humano não será sustentável. Argumentam os autores, da necessidade de incorporar uma
medida nacional para mensurar e apurar as alterações
na prestação dos serviços ambientais.
Smith e
outros (2013) descrevem indicadores e métricas existentes de bem-estar
como ponto de partida para desenvolverem uma medida inclusiva do serviço do
ecossistema, e também criticam a falta de
conexão entre o bem-estar objetivo e os fluxos dos diferentes tipos de capital.
Além disso, sugerem um conjunto de domínios de
bem-estar como base de um índice para a modelagem preditiva dos serviços do
ecossistema, ecológicos, econômicos e sociais nos EUA. Finalizam
apresentando uma visão geral das métricas de
bem-estar e discutindo as relações entre elas e os serviços ecossistêmicos.
(*) Luiz Panhoca, Doutor em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP, Mestre em Economia
pela PUC SP, Pós-Doutor em Geografia pela UFPR e Professor do PPG Mestrado em
Contabilidade da UFPR. Coordenador da Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares (ITCP). Membro da American
Accounting Association (AAA) e da Society
for Ecological Restoration International (SER). [publicará toda 2ª. feira,
quinzenalmente]. Contato: panhoca.luiz@gmail.com
Referências
Ecological
Restoration, 2013. Special Issue: Status
and changes of grassland restoration in the United States. University of
Wiscosin, v. 31, n. 2.
Millennium
Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems
and Human Well-being: Synthesis. Island Press, Washington, DC. [Disponível
em: <http://www.millenniumassessment.org/documents/document.356.aspx.pdf>
Lisa
M. Smith, Jason L. Case, Heather M. Smith, Linda C. Harwell, J.K. ,Relating ecosystem services to domains of
human well-being: Ecological Indicators, Vol. 28, pages 79-90,
May 2013.
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